Marketing, Burnout e a Síndrome do Impostor: o que está acontecendo?
- Ela Explica
- 30 de mar.
- 4 min de leitura
Atualizado: 13 de abr.

Você já se sentiu como se não soubesse o suficiente? Como se estivesse numa vaga que talvez nem fosse sua, fingindo saber o que ainda está tentando aprender? Se a resposta for sim, você está longe de estar sozinha.Segundo uma pesquisa publicada pela Marketing Week, 80% dos profissionais de marketing — de todos os níveis — já sentiram ou sentem a síndrome do impostor.
E se isso já aconteceu com você, respira. Porque hoje a gente vai falar sobre isso. E mais: sobre como lidar com esse sentimento num mercado que muda o tempo todo.
O que é a síndrome do impostor no marketing — e por que é tão comum?
De forma simples, é aquela sensação de que você não é tão boa quanto os outros pensam — ou quanto você mesma deveria ser. É o sentimento de estar “enganando” as pessoas ao seu redor, mesmo tendo competência real.
Segundo o podcast da Marketing Week, essa sensação tem sido cada vez mais comum em áreas como marketing e comunicação. E não por acaso: vivemos em um mercado que exige saber de tudo, o tempo todo.
Marketing: o terreno fértil da ansiedade profissional
A síndrome do impostor não é exclusividade do marketing, mas o nosso setor tem algumas particularidades que favorecem esse sentimento:
As mudanças são constantes. Toda semana tem uma nova ferramenta, métrica, canal ou tendência.
Espera-se que o profissional de marketing seja versátil: criativo, analítico, bom de estratégia, de dados, de IA, de produção, de narrativa, de persuasão…
Os resultados precisam ser tangíveis e rápidos. E você precisa convencer os outros da importância do que está fazendo.
Ou seja: é uma área que exige atualização constante e ainda exige que você defenda o seu valor o tempo todo.
Burnout, cobrança e descrença em si mesma
A British Medical Association relaciona a síndrome do impostor ao aumento de casos de burnout. Afinal, a sensação constante de insuficiência pode levar à exaustão, mesmo em profissionais altamente competentes.
Mas tem um ponto importante que o podcast traz e que me marcou:
“A síndrome do impostor não prova que você é ruim. Ela prova que você se importa.”
Se você se preocupa em entregar o melhor, em ser justa com seu trabalho, é natural que sinta um certo desconforto quando não domina 100% de algo. Mas o problema é: ninguém domina 100% de tudo. E o marketing já entendeu isso. Será que o mercado entendeu?
Já se sentiu assim também? Dá o play no vídeo e vamos conversar sobre isso.
O problema não é só individual — é do sistema
A pressão começa nas descrições de vagas. Um analista precisa cumprir uma grande lista de requisitos. Um gerente precisa saber de todos os bracinhos da operação. E você olha pra lista de requisitos e pensa:
“Eu sei metade, o resto eu corro atrás.”
E aí vêm dois caminhos:
Você finge que sabe e corre pra aprender depois (o famoso “fake it until you make it”),
Ou você nem se candidata, por achar que não é boa o bastante.
Ambos têm armadilhas. No primeiro, vem o medo de errar. No segundo, vem a estagnação. E nos dois, a sensação de que você está sempre atrás.
Quando o medo de errar bloqueia a criatividade
A criatividade exige espaço para testar, errar, ajustar. Mas, quando a síndrome do impostor bate, a gente joga seguro.E quando a gente joga seguro, o resultado costuma ser previsível:campanhas mais do mesmo, peças que não se arriscam, estratégias que repetem fórmulas.Afinal, se você acredita que um erro pode te “desmascarar”, o medo toma conta — e bloqueia seu melhor potencial.
O que a gente pode fazer com isso?
Essa parte é importante: tem jeito, sim. E começa com um movimento interno — mas também precisa de uma mudança de cultura no mercado.
1. Auto-checagem honesta
O que você realmente sabe? O que você precisa (e quer) aprender? E o que talvez nem faça mais sentido estar na sua lista?
2. Mapeie o que é prioridade aprender
Nem tudo precisa ser aprendido agora. Trace metas reais, com prazos possíveis. Lembre-se: você é uma pessoa, não uma IA turboalimentada.
3. Se comunique com clareza
Transparência profissional é diferente de insegurança. Você pode dizer:
“Ainda não domino isso, mas estou em processo de aprendizado. Enquanto isso, vou contribuir com essas habilidades que já tenho.”
4. Trate sua evolução como uma estratégia de marketing
Você faz isso com produtos todos os dias. Por que não fazer com você mesma?Identifique o desafio, planeje o caminho, execute com consistência, acompanhe os resultados, ajuste quando necessário. Isso é posicionamento pessoal.
A cereja do bolo: fale do seu lugar
Um grande aprendizado que tive gravando vídeos nas redes foi:fale do lugar onde você está.
Você não precisa saber tudo. Mas sabe muito mais do que quem ainda não chegou aqui. E pode ajudar muita gente só compartilhando sua caminhada.
Tem gente mais experiente? Sempre.Tem gente menos experiente? Sempre.Mas ninguém tem a sua visão, a sua bagagem, a sua voz. Use isso a seu favor.
E o mercado, como fica?
Se a maioria dos profissionais já viveu essa síndrome, será que não é hora de repensarmos algumas exigências, processos e cobranças?O que o marketing tanto prega para os consumidores — autenticidade, transparência, empatia — precisa valer também para dentro.
Fica aqui a reflexão. E, claro, o convite: compartilha esse texto com alguém que precisa desse abraço. E se quiser dividir a sua experiência, deixa nos comentários.
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